Era quarta-feira. Elize chegou cedo, como de costume.
Tinha algo reconfortante em ser a primeira a chegar — o silêncio, a luz suave entrando pelas persianas, e a sensação de estar um passo à frente do caos.
Colocou a bolsa no cantinho da mesa, ajeitou os papéis, ligou o computador.
Café ao lado, cabelo preso, expressão de quem estava pronta para enfrentar qualquer e-mail não lido.
Henrique chegou pouco depois, já arrumado demais pro horário.
Camisa social dobrada no antebraço, cabelo milimetricamente bagunçado daquele jeito que não é bagunçado.
— Bom dia, Elize — disse, num tom gentil, mas atento.
Ela ergueu os olhos e respondeu com um sorriso contido:
— Bom dia, doutor Henrique.
Ele hesitou por um segundo, como se quisesse dizer mais, mas apenas seguiu para sua sala.
Minutos depois, Rodrigo surgiu na recepção, como uma ventania de bom humor.
Passou direto por Elize, jogando um docinho embalado em cima da mesa dela com uma mira perfeita.
— Pra adoçar essa car