Elize estava diante da tela do computador há mais de dez minutos, mas nada fazia sentido.
As palavras flutuavam, se misturavam, até que tudo virou um grande borrão.
Ela suspirou fundo e encostou na cadeira, apertando as têmporas com os dedos.
— Tá difícil aí?
A voz de Arthur surgiu suave, bem na porta.
Ela virou apenas o rosto e tentou esboçar um sorriso, sem sucesso.
— Não sei se é o relatório que tá em outra língua ou se é meu cérebro que não voltou da borracharia.
Arthur ergueu as sobrancelhas, já entrando com o café na mão.
— Borracharia?
— A joaninha furou o pneu no meio do caminho — ela murmurou, se rendendo ao cansaço —. Tive que empurrar por dois quarteirões até achar um lugar. E claro que o borracheiro tava mais interessado em contar sobre a vida dele do que consertar o pneu.
— Ah, os famosos borracheiros terapeutas. Já passei por um desses. Saí com o carro consertado e a alma analisada.
Ela soltou uma risadinha breve, ainda tensa.
— Pior que ele deu uns conselhos