A luz do amanhecer atravessava as cortinas do quarto quando abri os olhos. Por um instante, esqueci onde estava. O cheiro de café, o toque suave dos lençóis, o calor de um ambiente que não era meu, tudo parecia um sonho. Mas então ouvi a voz dele.
— Bom dia, dorminhoca. — Demian estava encostado na porta, uma xícara de café na mão e aquele meio sorriso que eu já começava a entender. — Achei que você fosse dormir o dia inteiro.
Sentei-me devagar, o corpo ainda dolorido, mas infinitamente melhor que na noite anterior. — Eu precisava.
Ele se aproximou, estendendo-me a xícara. — Aqui. Com mel, do jeito que você gosta.
Peguei o café, surpresa. — Você lembra disso?
— Eu lembro de mais coisas do que você imagina. — A voz dele soou baixa, quase íntima.
Ele se inclinou, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, roçou os lábios nos meus, um beijo leve, rápido, quase uma saudação. — Bom dia.
Fiquei sem palavras. O gesto foi tão natural que o coração simplesmente esqueceu como bater.
— Bom dia