O primeiro som que escutei ao despertar foi o tic-tac distante de um relógio. Depois, o farfalhar leve da chuva, ainda insistente, batendo contra os vidros da janela.
Por um instante, não soube onde estava. O teto branco, o cheiro de lençóis limpos e o calor que me envolvia eram estranhos e reconfortantes ao mesmo tempo.
Quando tentei me mover, um gemido escapou dos meus lábios. O corpo inteiro doía, como se cada músculo tivesse se tornado uma lembrança viva da noite anterior.
E então tudo voltou, o rosto de Arthur, o som da chuva, a luta, o medo, a voz de Demian gritando o meu nome.
Abri os olhos de vez e o vi, sentado em uma poltrona ao lado da cama, a cabeça apoiada na mão, como se não tivesse dormido. O olhar dele estava perdido, mas ainda assim alerta, como um guardião em vigília.
— Demian… — minha voz saiu rouca, fraca.
Ele se levantou imediatamente, aproximando-se. — Ei. — O tom dele era baixo, quase um sussurro. — Está tudo bem. Você está segura agora.
Aquelas palavras, tão si