(Alexander)
Era madrugada quando acordei com o lençol revirado e o travesseiro frio ao meu lado. Emily tinha saído da cama há poucos minutos, e mesmo com o corpo ainda quente da entrega da noite anterior, o quarto parecia vazio sem ela. Havia algo de estranho na forma como ela me olhava ultimamente, como se estivesse tentando decifrar se ainda podíamos ser nós dois. E isso doía mais do que qualquer golpe que já levei na vida.
Levantei-me, vesti apenas uma calça de moletom e fui até a varanda. Ela estava lá, sentada na poltrona, com um café nas mãos e o olhar perdido na escuridão da noite. Seu cabelo bagunçado, os olhos cansados, mas ainda assim tão bonita que me faltava o ar.
— Você não dormiu? — perguntei, me aproximando.
Ela virou o rosto devagar e me ofereceu um meio sorriso.
— Tentei, mas minha mente não para. Sabe quando você sente que algo está prestes a mudar?
Assenti. Eu sentia isso desde que ela voltou para minha vida.
Sentei ao lado dela, sem dizer nada. O silêncio entre nós