POV: Emily
Nunca imaginei que a paz pudesse ser tão barulhenta. Desde que voltei para minha casa, desde que coloquei um ponto final em Alexander — mesmo que temporário, mesmo que incerto — o silêncio se tornou o meu mais cruel companheiro. As paredes carregam o eco do meu passado, e cada canto parece sussurrar os nomes que eu tento esquecer: Noah. Alexander. E, acima de tudo, o meu próprio.
Mateo não está mais na cidade. Depois da exposição, depois da dor e do peso de tudo que escrevemos juntos, ele decidiu ir para Buenos Aires visitar a família. Disse que precisava respirar outros ares, e eu entendi. Ele carregava uma dor que o mundo não quis ouvir, e quando encontrou a minha, se prendeu a ela como um espelho partido. Mas agora, sem ele, a solidão se torna ainda mais afiada.
Meus dias são divididos entre escrever, beber chá e tentar entender quem eu sou longe deles. Descobri que ainda gosto de músicas antigas e de escrever de madrugada, que choro quando vejo filmes românticos idiotas