POV: EmilyO som da chuva ainda ecoava na minha mente, mesmo depois de ter cessado. Era como se meu corpo insistisse em guardar aquele momento na estufa. A sensação da pele de Noah contra a minha, o gosto dos seus lábios, o peso das palavras que dissemos — e das que deixamos de dizer.Mas o que me perseguia, mais do que qualquer lembrança doce, era o olhar de Alexander. Frio. Afiado. Como uma lâmina encostada na minha garganta.Voltei para o quarto depois que Noah adormeceu no sofá da biblioteca. Ele não pediu nada além da verdade. Não cobrou promessas que eu não poderia fazer. Mas eu vi nos olhos dele a esperança — uma esperança perigosa. E eu não tinha certeza se conseguiria corresponder.Fechei a porta do meu quarto devagar e me encostei nela, sentindo o coração bater acelerado. O quarto estava mergulhado na penumbra, iluminado apenas pela luz trêmula do abajur. Caminhei até a janela e puxei a cortina. A noite estava mais escura do que eu lembrava. Pesada.Eu me sentia pesada també
POV: AlexanderA escuridão do corredor era mais densa do que eu lembrava. As paredes pareciam apertar-se contra mim, como se a casa sentisse minha inquietação. Meus passos ecoavam pesados no assoalho antigo, mas era o som abafado de vozes vindo da estufa que me fazia caminhar como um predador.Emily.Seu nome era um espinho constante sob a pele. Eu havia jurado que a deixaria ir, que respeitaria suas escolhas, mesmo quando elas me rasgavam por dentro. Mas vê-la com Noah... era demais.A imagem ainda me perseguia — os dois colados um no outro, como se o resto do mundo não existisse. Como se eu nunca tivesse importado.Engoli em seco, tentando controlar a tempestade que crescia dentro de mim.Ao me aproximar da porta entreaberta da estufa, o som da respiração entrecortada dela e a voz rouca dele me atingiram como um soco.— Diz que isso é real — a voz de Noah implorava.— É tudo isso... e mais — ela respondeu, quase num sussurro.Meus punhos cerraram com tanta força que os nós dos dedos
POV: EmilyA noite caiu silenciosa sobre a mansão, mas meu peito ainda rugia como se estivesse em guerra. Depois da última conversa com Alexander, minha cabeça virou um campo minado. E no centro de tudo, havia um nome que insistia em ecoar entre as batidas aceleradas do meu coração: Noah.Estava sozinha no meu quarto, mas sentia a presença dele como uma sombra quente na pele. A lembrança de seus lábios nos meus, da força contida em seus braços, da sinceridade crua em seu olhar... tudo voltava como um sussurro embriagante.Me aproximei da janela e encostei a testa no vidro frio. Lá fora, a lua cheia dançava entre nuvens pesadas. Respirei fundo. Queria fugir, mas já não sabia mais de quê. Ou de quem.O som de passos no corredor me fez virar. Rápidos. Determinados. Meu corpo reconheceu antes mesmo da porta se abrir.— Emily — a voz rouca de Noah atravessou o espaço antes mesmo que ele entrasse. — Precisamos conversar.Meu coração deu um salto. Ele parecia tenso, os olhos carregando algo
POV: EmilyA noite caiu silenciosa sobre a mansão, mas meu peito ainda rugia como se estivesse em guerra. Depois da última conversa com Alexander, minha cabeça virou um campo minado. E no centro de tudo, havia um nome que insistia em ecoar entre as batidas aceleradas do meu coração: Noah.Estava sozinha no meu quarto, mas sentia a presença dele como uma sombra quente na pele. A lembrança de seus lábios nos meus, da força contida em seus braços, da sinceridade crua em seu olhar... tudo voltava como um sussurro embriagante.Me aproximei da janela e encostei a testa no vidro frio. Lá fora, a lua cheia dançava entre nuvens pesadas. Respirei fundo. Queria fugir, mas já não sabia mais de quê. Ou de quem.O som de passos no corredor me fez virar. Rápidos. Determinados. Meu corpo reconheceu antes mesmo da porta se abrir.— Emily — a voz rouca de Noah atravessou o espaço antes mesmo que ele entrasse. — Precisamos conversar.Meu coração deu um salto. Ele parecia tenso, os olhos carregando algo
A cidade de Charleston parecia cinzenta naquela manhã, como se o céu compartilhasse do humor sombrio de Emily Carter. Ela dirigia sem rumo certo, os olhos vermelhos pelo choro, a respiração presa no peito. O rádio do carro tocava uma música melancólica que ela não ouvia de verdade. Tudo era ruído de fundo desde que seus olhos viram o que jamais deveriam ter visto. Horas antes, tinha ido à casa de Dylan para uma surpresa — uma visita inesperada, como tantas que já fizera. Mas quem foi surpreendida, dessa vez, foi ela. A imagem estava gravada em sua mente como uma tatuagem feita à força: Dylan, seu namorado há três anos, deitado sobre o corpo de sua melhor amiga, Sophie. Os dois entrelaçados, despidos, entregues um ao outro sem culpa aparente. Emily não gritou. Não chorou naquele momento. Apenas olhou. Ficou ali, imóvel, enquanto os dois demoravam a notar sua presença. Quando finalmente o fizeram, Dylan pulou da cama, tentando cobrir-se e balbuciar desculpas que ela não quis ouvir.
O silêncio dentro da casa era quase palpável, interrompido apenas pelo leve tilintar da chuva contra as janelas empoeiradas. Emily caminhava devagar, observando os móveis cobertos por lençóis brancos, as cortinas fechadas e o cheiro carregado de mofo e madeira antiga. A casa parecia adormecida — mas havia algo mais ali, algo que ela não conseguia explicar. Uma presença. Um arrepio percorreu sua espinha, fazendo-a se encolher ligeiramente. — Está perdida? — disse uma voz grave às suas costas, fazendo com que ela se virasse com um salto. Na escada que levava ao segundo andar, meio envolto pelas sombras, estava um homem. Alto, ombros largos, cabelos escuros bagunçados e barba por fazer. Os olhos, no entanto, foram o que mais a marcou — frios e intensos, como gelo prestes a queimar. — Me desculpe… eu não sabia que havia alguém aqui — disse Emily, a voz ainda trêmula. O homem desceu os degraus lentamente, com uma postura quase felina. Seus passos eram firmes, mas silenciosos. Ele usava
Emily acordou assustada. A escuridão do quarto era profunda, cortada apenas por um feixe de luar que escapava pelas frestas da janela. Seu corpo estava suado, o lençol embolado entre as pernas, o coração batendo como se tivesse corrido uma maratona. Sonhara com Alexander. Mas não era um sonho qualquer. Era algo intenso, visceral. Ela sentia até agora o toque das mãos dele em sua pele, o calor da respiração em seu pescoço. Era absurdo. Irracional. Ela mal o conhecia. E, mesmo assim, ele habitava seus pensamentos como uma sombra que se recusa a ir embora. Levantou-se da cama antiga, vestindo apenas uma camiseta larga e meias. A casa estava silenciosa, exceto pelo ranger ocasional das paredes velhas. Desceu as escadas com cautela, atraída pela luz fraca que vinha da sala. Alexander estava ali, sentado em frente à lareira, um copo de uísque na mão. A luz laranja do fogo dançava em seus olhos azuis, e por um instante, ele pareceu quase irreal — uma figura saindo direto de um pesadelo se
Na manhã seguinte, o cheiro de café recém-passado guiou Emily pela casa. A luz do sol filtrava-se pelas janelas, revelando a poeira no ar e o desgaste dos móveis antigos. Apesar da rusticidade do lugar, havia algo aconchegante. Ou talvez fosse apenas a sensação de distância da realidade que ela havia deixado para trás. Alexander estava na cozinha, mexendo uma frigideira com ovos enquanto segurava uma xícara de café preto na outra mão. Usava apenas uma calça de moletom cinza e o cabelo desgrenhado fazia parecer que havia dormido pouco — ou nada. Emily desviou os olhos por um instante, tentando controlar a onda de calor que subia por seu corpo. —Bom dia — disse ela, ainda um pouco tímida. —Bom dia — ele respondeu, sem olhar para ela. —Café? —Por favor. Ele serviu a bebida em uma caneca e a entregou com um olhar que parecia pesar mais do que simples cortesia. Sentaram-se à mesa em silêncio por alguns minutos, ouvindo apenas o som da frigideira e o tique-taque de um relógio antigo pe