A noite caiu pesada sobre Istambul. As luzes da cidade refletiam sobre o Bósforo com um brilho trêmulo, como se até mesmo o mar soubesse que algo estava errado. Eu observava da varanda do quarto, envolta em um robe de seda que Baran tinha deixado sobre a cama. A mansão estava silenciosa demais. Desde a conversa com Aydin naquela manhã, o clima havia mudado completamente. Baran passou o dia inteiro fora, e os poucos funcionários com quem cruzei evitavam meu olhar como se soubessem de algo que eu não sabia.

Melek.

O nome dela ecoava na minha mente como uma maldição. A mulher que, por tanto tempo, eu havia tentado ignorar. A mulher que ainda assombrava os cantos mais escuros da alma de Baran — e que agora aparecia no centro de uma ameaça real, concreta.

Não era mais ciúmes, não era insegurança. Era perigo.

E era a nossa vida que estava em jogo.

Pisei descalça pelo mármore frio do quarto e peguei o celular, enviando mais uma mensagem para Baran. Sem resposta. O relógio já marcava 23h17. T