Capítulo 15 — As Cores do Medo

O sangue seco nas mãos de Mehmet já havia sido lavado, mas a imagem dele de joelhos, com o olhar escuro e a respiração pesada, continuava presa nos meus olhos. Quando ele voltou daquele confronto com Barış, havia algo diferente nele. Não era apenas cansaço. Era como se algo dentro dele tivesse morrido, ou talvez algo tivesse nascido. Um monstro mais frio, mais letal, mais disposto a tudo.

Eu o sentei no sofá do novo esconderijo — uma casa modesta no subúrbio de Batumi, de fachada descascada e janelas escondidas atrás de cortinas grossas. O lugar era abafado, úmido. Mas seguro, pelo menos por enquanto. Seus olhos estavam vidrados, e seus lábios cortados e secos.

— Está doendo? — perguntei, ajoelhada diante dele.

— Não mais que antes — respondeu, e aquilo não era sobre o corpo.

Tirei sua camisa ensanguentada, revelando um ferimento no flanco, profundo, mas sem ter atingido órgãos. Era uma faca, provavelmente. Cauterizei o local enquanto ele soltava suspiros curtos, abafando a dor com a
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