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CAPÍTULO 6 – ENTRE O SILÊNCIO E O DESPERTAR

Hanna

A porta do apartamento da Sabrina se fechou atrás de mim com um clique abafado, mas para mim soou como um marco. Um ponto de virada. Eu estava ali com uma mala pequena e um coração ainda menor.

Sabrina me olhou com estranhamento e preocupação imediata.

– Tá… me explica isso direito – disse ela, cruzando os braços. – Você sai do nada, aparece aqui com a mala… e diz que precisa ficar uns dias comigo. O que aconteceu, Hanna?

Meu peito apertou.

Eu não estava pronta para contar. Não ainda. As imagens, as palavras, a dor… tudo ainda era uma ferida aberta demais para ser exposta. Eu sabia que uma hora teria que dizer a verdade. Mas hoje não. Não quando meu corpo ainda tremia.

– Eu só… preciso de um tempo, Sabs. – minha voz saiu baixa, quase frágil. – Pra pensar. Pra respirar.

O olhar dela suavizou. Ela se aproximou sem insistir.

– Então fica. O tempo que você quiser.

O abraço que ela me deu foi forte, seguro. Quase me desmanchou. Segurei o choro com todas as forças, mesmo sentindo a garganta ardendo.

Quando ela se afastou, estudou meu rosto com atenção.

– Vocês brigaram? – perguntou, cuidadosa. – Você tá com uma cara… diferente.

Respirei fundo, desviando o olhar.

– Não foi uma briga. Foi só… um limite. Eu precisava sair de casa. Só isso.

Sabrina assentiu devagar. Ela não acreditou totalmente — eu sabia ler minha irmã — mas decidiu respeitar o meu silêncio. E eu a amei ainda mais por isso.

– Tá. Sem pressão. – Ela passou o braço pelos meus ombros. – Vai tomar um banho, eu faço um chá. Depois a gente decide se choramos, assistimos série ou comemos chocolate até passar mal.

Isso arrancou um pequeno sorriso de mim.

– Obrigada, de verdade.

Fui para o banheiro e, quando fechei a porta, finalmente deixei meus ombros caírem. Tirei a roupa devagar, cada movimento pesado como se eu tivesse corrido uma maratona emocional.

A água quente caiu sobre minha pele, e tudo que eu havia segurado durante o dia ameaçou transbordar. Apertei os olhos. Respirei fundo. Não chorei. Ainda não.

No meio daquele torvelinho interno… uma imagem insistente apareceu.

Olhos verdes.

Intensos. Atentos. O tipo de olhar que parece atravessar suas camadas e encontrar uma verdade que nem você mesma sabia que escondia.

Ethan Clark.

A entrevista. O momento em que ele me observou. O jeito como a voz dele tomou conta do ambiente. E como meu coração respondeu como se tivesse sido acordado depois de anos dormindo.

Eu tentei afastar a sensação, como se pudesse mandá-la embora. Não era hora. Não era o momento. Eu tinha acabado de sair de uma história que implodiu.

Mas meu corpo não sabia.

Meu peito acelerou ao lembrar do modo como ele inclinou a cabeça para me ouvir. Da calma na postura. Da força contida. De como parecia… seguro.

Você não pode sentir isso agora.

Não devia.

Mas sentiu.

E reconhecer isso foi assustador.

Quando saí do banho, Sabrina já me esperava com o chá e uma manta no sofá. Me sentei ao lado dela. Ela não fez perguntas. Só ficou ali, presente. E isso foi tudo que eu precisava.

– Você quer conversar? – ela perguntou depois de alguns minutos.

– Não hoje – respondi.

Ela assentiu.

– Tudo bem. Você fala quando quiser. Ou nunca, se não quiser.

Sorri. E aí, como se meu coração ainda não tivesse passado emoção suficiente…

Meu celular vibrou.

Peguei. Olhei a tela.

Ethan Clark.

Meu coração deu um pulo. Sabrina percebeu na hora.

– Quem é Ethan? – ela perguntou automaticamente.

Eu gelei.

– É… é o diretor que me entrevistou hoje – disse rápido, tentando parecer natural.

Sabrina franziu a testa e abriu um sorriso lento.

– Diretor que manda mensagem fora do horário… interessante.

– Sabs! – reclamei, corando.

Ela ergueu as mãos.

– Tá bom, tá bom. Mas abre isso logo antes que seu telefone exploda de energia sexual reprimida.

Revirei os olhos, mas minhas mãos tremiam quando abri a mensagem.

“Hanna, desculpe enviar mensagem à noite. Surgiu uma questão importante sobre o seu treinamento. Poderia falar comigo por telefone?”

Meu estômago se revirou.

Era profissional, claro. Mas havia algo ali que eu não conseguia explicar. Algo no modo como ele escrevia. Na formalidade precisa. No cuidado.

Tomei ar.

“Claro. Pode ligar.”

Sabrina arregalou os olhos como se estivesse prestes a sair correndo pela sala.

– Ele vai ligar, né? Ele vai ligar agora, meu Deus—

Meu celular começou a tocar.

Eu congelei.

O nome dele brilhava na tela.

Atendi.

A voz dele veio firme, profunda, quase quente.

– Boa noite, Hanna. Espero não estar incomodando.

O mundo inteiro ficou em silêncio.

Porque mesmo sem saber exatamente por quê…

eu senti que tudo estava prestes a mudar.

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