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CAPÍTULO 7 – A LIGAÇÃO QUE ABRE UMA PORTA

Hanna

Por um segundo, eu esqueci como se respirava.

A voz do Ethan atravessou a linha com a mesma calma firme que ele tinha durante a entrevista, mas ali, no silêncio da sala da Sabrina, parecia ainda mais profunda.

– Boa noite, Hanna. Cheguei a te incomodar?

Meus dedos apertaram o telefone.

– N-não. Eu… tudo bem. Pode falar Sr. Clark.

Sabrina, ao meu lado, apertou uma almofada com tanta força que parecia que ia explodi-la. Levantei um dedo, pedindo discrição. Ela rolou os olhos, mas ficou quieta — quieta o suficiente para ouvir cada palavra, claro.

Do outro lado, ouvi Ethan respirar antes de continuar.

– Apenas Ethan Hanna, a questão é sobre seu treinamento inicial. Fiz uma revisão dos arquivos hoje à tarde e… percebi que algumas informações que você citou na entrevista não constam no sistema. – A voz dele manteve a cordialidade. – Nada grave. Só preciso confirmar alguns detalhes com você antes de finalizar o cronograma.

Eu não conseguia desgrudar do tom dele. Educado. Controlado. Mas havia algo por baixo. Uma curiosidade sutil. Um interesse quieto.

Meu peito apertou.

– Claro. Sem problema. Quais informações?

– Primeiro – ele disse, e eu ouvi um leve ruído de páginas sendo folheadas –, você comentou ter experiência no setor administrativo da empresa anterior. Isso inclui parte financeira ou apenas rotinas de escritório?

A pergunta era simples.

Mas tudo dentro de mim estava tão frágil, tão recém-quebrado, que qualquer lembrança do trabalho, da vida com Porter, do mundo que desabou… doía.

Engoli seco antes de responder.

– Apenas rotinas de escritório.

– Certo – murmurou. – E… você tem preferência por horário de treinamento? Diurno ou vespertino?

– O que ficar melhor para a equipe – respondi.

Ele pareceu sorrir de leve. Não ouvi, mas senti.

– Muito bem.

Houve uma pequena pausa. Não desconfortável. Só… densa.

Como se ele estivesse escolhendo as palavras com mais cuidado do que o necessário.

– Hanna – ele começou, mais baixo –, você teve um dia difícil?

Meu coração parou.

Eu não tinha dito nada. Nada. Mas a pergunta veio afiada, gentil… e certeira.

Pisquei rápido, tentando manter a voz estável.

– Por que pergunta?

– Porque você parece cansada. Não cansada de sono. – A voz dele suavizou. – Cansada de carregar algo pesado.

Meus olhos queimaram.

Sabrina me olhou rapidamente, como se tivesse sentido o ar mudar.

Apertei o celular com mais força.

– Eu… só precisei resolver algumas coisas. Nada demais.

– Entendo. – A resposta dele foi tranquila… mas não convencida.

Um silêncio caiu. Um silêncio diferente. Um que fez meu estômago se revirar — não de medo, mas de… presença.

Ethan respirou fundo antes de falar de novo.

– Não vou tomar mais seu tempo. – Ele recuperou o tom profissional. – Preciso apenas confirmar se você está disponível para iniciar o treinamento na segunda-feira, às nove.

– Sim, estou.

– Ótimo. – Ouvi um toque suave, talvez ele anotando algo. – Então está confirmado.

Pensei que ele encerraria ali.

Mas ele não encerrou.

A voz dele voltou, mais baixa, quase cuidadosa demais.

– Hanna?

– Sim?

– Independente do que você tenha enfrentado hoje… saiba que você lidou muito bem na entrevista. Eu percebi.

Meu coração falhou uma batida.

Sabrina abriu a boca numa reação silenciosa, quase gritando.

Eu não sabia o que responder. Não sabia sequer como controlar a respiração.

– Obrigada – sussurrei.

– Boa noite, Hanna.

– Boa noite, Ethan.

A ligação terminou, mas meu corpo permaneceu imóvel, como se o mundo demorasse a alcançar meu sistema nervoso.

Quando olhei para o lado, Sabrina estava me encarando com a expressão de quem acabara de testemunhar o início de uma novela proibida.

– Tá. – Ela ergueu as mãos. – Eu não quero ser dramática, MAS… esse homem não te ligou só por causa de treinamento.

Senti minhas bochechas queimarem.

– Sabs, para…

– Para nada. – Ela apontou o dedo para o celular. – Isso aí é a voz da tentação, Hanna. Aquele homem liga sorrindo. Ele fala baixo. Ele pergunta como você está. Ele percebe coisas. Percebe você.

E, mesmo que eu quisesse negar… uma parte de mim sabia que ela não estava errada.

Mas junto com o calor… veio a culpa.

Porque eu tinha acabado de sair de um casamento destruído. Um casamento que Sabrina ainda nem sabia que tinha implodido.

Eu estava fraturada.

E Ethan… era a última coisa que eu deveria sentir.

Mas havia algo nele. Algo que puxava. Algo que iluminava um canto dentro de mim que eu achei que tivesse morrido.

E enquanto eu me deitava no sofá, coberta pela manta, Sabrina fazendo comentários afiados ao meu lado… um pensamento insistente ficou martelando:

Por que eu sinto que essa ligação não foi apenas sobre trabalho?

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