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CAPÍTULO 5 – PONTO FINAL

Hanna

Respirei fundo, sentindo meu coração bater firme, como se estivesse anunciando a minha própria libertação. Eu não tremia. Não vacilava. Era como se todas as dores, dúvidas e humilhações dos últimos meses tivessem se transformado em uma única palavra:

Chega.

Porter deixou o celular de lado quando percebeu meu tom. Ele se aproximou devagar, como se estivesse tentando decifrar a ameaça na minha voz — e falhando miseravelmente.

— Conversar? — ele perguntou, com aquela falsa surpresa que me dava náuseas. — Sobre o quê, Hanna?

Olhei nos olhos dele.

Não havia mais medo em mim.

Nem dó.

Nem fragilidade.

— Eu quero o divórcio.

O impacto atravessou o rosto dele num segundo. Os ombros tensionaram, a boca entreabriu, os olhos ficaram vidrados, como se ele não tivesse ouvido direito.

— O quê? — engasgou. — Você… vai me deixar? Mas… eu não sabia que você… que isso era o que você queria!

Soltei uma risada curta, amarga.

— Não é surpresa, Porter. Eu sei exatamente o que quero. E não sou eu quem está deixando você. Você me traiu.

A máscara caiu.

De repente, não havia mais o marido sorridente e controlado.

Só um homem pego no próprio veneno.

— Hanna… espera… você não entende — gaguejou, erguendo as mãos. — Eu posso consertar isso, eu não sabia que você iria… que você…

— Que eu iria descobrir? — cortei, elevando o queixo. — Que você ia continuar me traindo até quando? Até eu virar um peso morto dentro dessa casa?

Ele respirou fundo, nervoso, tentando formular alguma desculpa barata.

— Hanna… eu não queria perder você. Eu… — a voz dele falhou — eu não sabia que você sabia disso.

— Mas eu sei. — Mantive a voz firme. — E sei o suficiente para não aceitar nem mais um minuto dessa mentira.

O desespero começou a tomar forma nos olhos dele — mas não era por amor.

Era por controle.

Ele deu dois passos na minha direção.

— Nós podemos conversar! Podemos resolver isso! Podemos voltar ao que éramos!

— Você sente alguma coisa, Porter, mas não é amor. — Minha voz estava estável, quase fria. — É possessão. É conveniência. É o hábito de me ter ao seu lado enquanto vivia uma vida paralela. Eu cansei.

Ele começou a culpar o trabalho. A rotina. O estresse. Jogou desculpas no ar como quem tenta apagar um incêndio com um copo d’água.

Nada colou.

Eu não era mais aquela mulher.

Fui até o armário. Peguei minha mala.

E ele veio atrás, transtornado.

— Hanna, não faz isso. Eu te amo! Eu—

— Porter. — Me virei devagar, encarando-o de frente, cortando o drama dele pela raiz. — Você não me ama. Quem ama, não destrói.

Ele tentou segurar meu braço.

E dessa vez… eu puxei com força.

Com autoridade.

Como quem retoma o próprio corpo depois de muito tempo em silêncio.

Seu olhar vacilou.

A raiva deu lugar a um vazio derrotado.

— Eu vou para a casa da minha irmã — anunciei. — E depois viajo para o meu novo trabalho. O divórcio está decidido. Meu advogado vai falar com você.

Coloquei as chaves no aparador, sem olhar para trás.

Ele abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu.

Um homem acostumado a controlar tudo… finalmente diante de algo que ele não podia evitar: minha liberdade.

— Adeus, Porter.

Peguei a mala.

Saí.

E fechei a porta sem hesitação.

No carro, a respiração veio pesada, mas não de medo.

Era um alívio tão profundo que doeu no peito.

Cada quarteirão me afastava da vida que me consumiu.

Cada sinal verde parecia um empurrão do destino: vai, Hanna, continua, agora é você.

Quando virei a esquina da rua da Sabrina, meu corpo inteiro relaxou, como se a gravidade finalmente tivesse me devolvido para o lugar certo.

Estacionei. Peguei a mala. Toquei a campainha.

A porta abriu. Sabrina me olhou.

E, sem precisar perguntar nada, ela simplesmente me puxou para um abraço forte.

Um abraço de casa.

De recomeço.

De verdade.

E ali, no colo da minha irmã, senti finalmente:

Eu estava livre.

Eu estava viva.

E minha história estava só começando.

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