Ana
Eu precisava respirar. Só isso. Respirar, relaxar, fingir que eu era uma adulta madura que sabia lidar com a própria vida emocional.
Por isso aceitei quando Daniel perguntou se eu queria tomar um café depois do expediente. Eu estava cansada, a cabeça cheia, e a ideia de conversar com alguém que não fosse minha chefe ou meu computador parecia até emocionante.
A cafeteria era pequena, aconchegante e cheirava a café fresco e bolo de chocolate. As luzinhas amarelas deixavam tudo com cara de final de tarde calmo, daqueles que a gente acha em filme. Eu escolhi uma mesa encostada na parede e sentei. Daniel sentou na minha frente, tirou o casaco e deu aquele sorriso simpático que ele sempre dava.
— Você tá com uma cara de quem já brigou com o mundo hoje — ele comentou, rindo baixinho.
— Nada demais — respondi, mexendo no café. — Só tô… cansada.
E eu estava. Cansada de tudo. De silêncio, de esperar resposta, de ficar me perguntando se eu era idiota por continuar tentando. Mas eu não ia fa