Ana
Eu fiquei ali uns bons minutos encarando o resto do bolo como se ele fosse me dar respostas. Não deu, lógico. Nem o bolo, nem o garfo, nem o café frio.
Minha cabeça estava um caos. Um caos barulhento, pesado, daqueles que deixavam o peito apertado.
Depois de respirar fundo umas cinquenta vezes, eu levantei, paguei minha parte — mesmo o Daniel tendo pago a conta inteira, mas eu não ia aceitar aquele gesto agora — e saí da cafeteria ainda meio zonza.
A rua estava movimentada, mas tudo parecia longe, abafado, como se eu tivesse colocado a cabeça debaixo d’água. Eu seguia andando, sem realmente sentir minhas pernas. Só ia. Um passo depois do outro.
E aí, claro, os pensamentos começaram a vir em avalanche.
Será que eu devia terminar com o Lex?
A pergunta bateu forte demais.
Eu não queria pensar nisso. Eu não queria nem encostar nesse assunto com um palito, mas ele veio, empurrou a porta e entrou sem pedir licença.
Será que as coisas não iam melhorar nunca?
Será que essa distância j