Ana
Eu ainda estava meio ofegante quando levantei da cama. Meu corpo inteiro parecia tenso, como se eu tivesse acabado de fugir de um dragão. A poeira grudada na minha pele dava uma coceira irritante, e meu cabelo estava num estado que nem escova milagrosa resolvia. Antes de sequer pensar em subir no terceiro andar, eu precisava parecer… sei lá, um ser humano normal.
Fui direto para o banheiro, liguei a torneira e comecei a tirar a poeira do rosto. A água gelada me deu um choque na espinha, mas serviu pra me acordar. Peguei a toalha e esfreguei o pescoço, os braços, as mãos… quanto mais eu limpava, mais poeira aparecia. Parecia que eu estava tentando tirar areia do deserto.
— Meu Deus, Ana… — murmurei pra mim mesma. — Um dia você ainda vai morrer de susto, não de idade.
Quando terminei, passei os dedos pelo cabelo, tentando domar a bagunça. Não ficou perfeito, mas pelo menos já não parecia que eu tinha saído de dentro de um aspirador de pó gigante. Dei um sorriso torto no espelho, mas