Ana
A porta do terceiro andar abriu com um rangido que me fez fechar os olhos por um segundo, só pra ganhar coragem. Quando respirei de novo, o ar tinha cheiro de coisa antiga, tipo aquelas casas de filme antigo onde nada era tocado há anos. Era um cheiro meio doce, meio empoeirado, como se o tempo tivesse parado ali.
Dei um passo pra dentro.
O chão de madeira fez um leve gemido, e eu senti na hora um arrepio subindo pela espinha. Era tão silencioso que qualquer barulhinho parecia um alarme tocando. A luz da janela entrava fraca, deixando tudo meio cinza, meio misturado com sombras. Quase como se o lugar não gostasse muito da ideia de ter alguém ali.
Fechei a porta atrás de mim devagar, segurando a maçaneta pra ela não bater.
E então olhei pra frente.
O corredor era mais comprido do que eu imaginava. As paredes eram lisas, sem quadro, sem foto, sem nada. Só uma fileira de portas fechadas, uma depois da outra, como se cada uma escondesse um segredo diferente. O ar parecia parado, pesa