Ana
Acordei antes do despertador, o que era inédito pra mim.
Fiquei uns minutos olhando pro teto, lembrando da noite anterior.
Quer dizer, tentando não lembrar, mas o cérebro não colabora nessas horas, né?
“Foi só um beijo na bochecha”, repeti mentalmente pela milésima vez.
Mas o coração parecia não ter recebido o memorando.
Levantei, me arrumei e desci pra cozinha tentando parecer a pessoa mais normal do planeta.
Missão impossível.
Lex já estava lá, sentado à mesa, lendo alguma coisa no tablet, de camisa branca e cabelo ainda meio bagunçado.
Como se o homem tivesse saído direto de um comercial de café da manhã.
— Bom dia — falei, forçando uma naturalidade que soou tão falsa quanto nota de três reais.
Ele levantou o olhar e sorriu daquele jeito tranquilo, que me irritava só por existir.
— Bom dia, Ana. Dormiu bem?
Dormi? Ah, claro. Super. Só passei a noite inteira lembrando do beijo que você me deu, fora isso foi super tranquilo...
— Dormi, sim — menti, me servindo de café. — E