Ana

Quando ouvi o som da porta abrindo , eu já sabia que era ele. Não sei explicar. Era tipo aquele sexto sentido idiota que só aparece quando a gente tá ferrada emocionalmente. O coração deu uma batida estranha, o ar travou, e pronto — Lex.

Eu caminhei devagar até a entrada estava ansiosa pra vê-lo e ao mesmo tempo com medo da conversa que teriamos.

Eu estava preparada pra qualquer coisa. Menos pro que eu vi.

Ele estava ali, parado encostado na porta, com a expressão de um homem que tinha levado um soco no peito. Cabelos meio bagunçados, camisa amarrotada, olhar cansado demais.

— Ana… — ele soltou, como se estivesse tentando respirar meu nome.

E eu já sabia. Ele ia desabar.

— Não fica ai parado na porta…entra— eu disse, me aproximando mas ele ainda parecia aéreo.

Ele passou devagar, como se estivesse pisando num lugar sagrado. Ou perigoso. Talvez os dois. Eu fechei a porta atrás dele e fiquei esperando, braços cruzados, só pra parecer mais forte do que eu estava.

Ele respirou fundo