Ana
Eu devia estar acostumada com cheiro de hospital. Na teoria. Na prática, eu sempre odiei aquele ar gelado, silêncio forçado e luz branca demais. E ali estava eu, jogada na cadeira dura da sala de espera, abraçada no meu próprio casaco como se aquilo fosse resolver alguma coisa.
Eu tinha prometido que não ia dormir, que ficaria acordada até o fim da cirurgia do Mark, mas meu corpo me traiu. Em algum momento entre olhar o relógio pela milésima vez e tentar entender por que a máquina de café fazia tanto barulho, meus olhos fecharam sem pedir permissão.
Apaguei.
Quando acordei, levei um susto que fez meu coração pular como se tivesse sido puxado de volta pra vida no choque.
— Senhorita? — Alguém me chamou.
Abri os olhos rápido demais e a luz bateu direto. A enfermeira estava na minha frente, com aquele sorriso treinado de quem dá notícias todo dia.
— Oi… desculpa, eu cochilei — falei, passando a mão no rosto, tentando parecer menos destruída do que eu estava.
— Tudo bem — ela responde