capítulo 55

O Morto que Volta pra Cobrar

Narrado por Muralha

O céu tava turvo. Cinza, espesso, abafado. Daqueles que anunciam o fim antes da chuva cair.

E era isso mesmo.

Fim pra alguém.

Eu subi a viela com Alana do meu lado, o boné baixo, o rosto em sombra, e o nome escondido sob o silêncio do morro.

Porque ali, naquelas vielas apertadas, todo mundo achava que eu tava morto.

Explodido. Carbonizado. Sumido.

E eu deixei.

Deixei porque morto é o que eles menos esperam que volte.

Mas agora, eu voltava.

De carne, osso e vingança.

**

Diguinho já tinha feito o chamado.

O galpão tava cheio. Uns dez vapores. Todos convocados. Todos com cara de enterro.

E era isso mesmo.

Alguém ia ser enterrado. Só faltava saber o nome da lápide.

Chegamos na entrada lateral. A que ninguém usa. A que só eu e o destino conhecemos.

— “Vamo.” — murmurei pra Alana.

Ela apertou meu braço. Um gesto mudo que dizia: Tô contigo. Se for pra morrer, que seja de frente.

Abaixei a cabeça. Abri o
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