capítulo 49

[NARRADO POR CAIO – O MURALHA]

O portão do beco se abriu com o chiado velho de sempre.

E quando bati o pé no chão da minha quebrada, deixei escapar, num sussurro:

— “Enfim… em casa.”

Alana parou do meu lado. Olhou pro alto do morro como quem encara um passado que não cabe mais na roupa.

— “É estranho.”

— “O quê?”

— “Voltar pro morro… depois de ter saído daqui pra ser policial.”

O silêncio engoliu o fim da frase dela.

Mas eu sentia. Tava tudo ali na respiração dela — o peso, a dúvida, a culpa. E mesmo assim, ela veio. Comigo. Contra o mundo.

Subimos o corredor apertado, o barulho dos cachorros latindo, grito de criança na laje, e o céu cinza virando teto de cimento.

Abri a porta da minha casa.

Não era mansão, nem castelo.

Mas era meu trono. Nosso abrigo agora.

Ela entrou devagar, passando a mão pela parede, como se sentisse o tempo acumulado ali. O cheiro do incenso velho, o sofá puído, o lençol jogado no canto. Tudo parado. Menos a gente.

Ela sentou no sofá.

Ficou cal
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App