[NARRADO POR CORONEL DANIELA VASCONCELLOS]
O café esfriava na xícara.
Branco. Sem graça. Com a borda trincada.
Como o sistema que eu sirvo.
A chuva batia nas janelas da base, fina, insistente, como dedo cutucando ferida. Eu observava o pátio lá embaixo, soldados marchando numa coreografia ensaiada — disciplina de fachada. Porque a verdadeira guerra… é a que começa quando ninguém mais tá olhando.
Peguei o telefone interno.
— “Chama o Vilela. Agora.”
Dois minutos depois, ele apareceu.
Cara de sono, casaco molhado, olhar inquieto. Um rato tático. Útil. Corrompido. E meu.
Fechei a porta com a palma da mão. Tranquei. Porque o que vinha agora não era conversa. Era conspiração.
— “Senta.”
Ele obedeceu.
Eu não perdi tempo.
— “A Sargento Alana continua sumida. Nenhum rastro. Nenhuma merda de sinal. Mas eu já entendi. Ela não tá perdida. Ela se escondeu.”
Vilela tentou bancar o ponderado.
— “A gente já tem viatura nas redondezas da última...”
Levantei a mão. Cort