capítulo 42

[NARRADO POR AZIZA]

O barulho do portão bateu lá embaixo e eu já sabia.

Era ele.

Diguinho subiu com a cara fechada, passo de quem vem trazendo desgraça nas costas. O sol batia forte no corredor, mas o que pesava era o clima. Chegou na sala sem tirar o boné, jogou a chave em cima da mesa e soltou:

— “Ele vai subir.”

Eu nem precisei perguntar quem.

Caio.

Meu primo.

O Muralha.

— “Com ela?” — perguntei, o cigarro já queimando entre meus dedos.

— “Com ela.”

Fiquei em silêncio por dois segundos. Traguei fundo. A fumaça subiu devagar, mas por dentro já era incêndio.

— “Então deixa subir.”

Diguinho virou o rosto na hora.

— “Tu pirou, Aziza? A mulher é fardada. É inimiga. É ameaça. E ainda quer cruzar a quebrada com o Caio do lado, como se fosse dona do pedaço?”

Levantei devagar. Nem precisei levantar a voz. Quando eu fico calma demais… é aí que o perigo começa.

— “Ele é meu sangue, Diguinho.”

— “E eu sou teu marido. Ou tu esqueceu?”

— “Não esqueci, não. Mas
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