[NARRADO POR AZIZA]
O barulho do portão bateu lá embaixo e eu já sabia.
Era ele.
Diguinho subiu com a cara fechada, passo de quem vem trazendo desgraça nas costas. O sol batia forte no corredor, mas o que pesava era o clima. Chegou na sala sem tirar o boné, jogou a chave em cima da mesa e soltou:
— “Ele vai subir.”
Eu nem precisei perguntar quem.
Caio.
Meu primo.
O Muralha.
— “Com ela?” — perguntei, o cigarro já queimando entre meus dedos.
— “Com ela.”
Fiquei em silêncio por dois segundos. Traguei fundo. A fumaça subiu devagar, mas por dentro já era incêndio.
— “Então deixa subir.”
Diguinho virou o rosto na hora.
— “Tu pirou, Aziza? A mulher é fardada. É inimiga. É ameaça. E ainda quer cruzar a quebrada com o Caio do lado, como se fosse dona do pedaço?”
Levantei devagar. Nem precisei levantar a voz. Quando eu fico calma demais… é aí que o perigo começa.
— “Ele é meu sangue, Diguinho.”
— “E eu sou teu marido. Ou tu esqueceu?”
— “Não esqueci, não. Mas