[Narrado por Muralha]
O rádio da boca roncava notícia torta.
Mensagem atravessada. Rota vazada. Nome dela no meio.
Alana.
A porra do nome dela de novo.
Era pra eu ficar quieto. Era pra eu ficar na minha. Chefe de boca, patrão de quebrada, imperador do morro.
Mas não tem como ignorar quando tentam enterrar o que é teu.
Encostei na parede da laje, cigarro apagado nos dedos, peito batendo tambor.
— Vai botar a cara mesmo, Muralha?
Diguinho. Fiel. Irmão de guerra. Testemunha de sangue.
— Tu acha que eu vou deixar enterrarem ela como se fosse cachorro?
— Mas e se for emboscada? Se for cilada pra tu se queimar?
Soltei a fumaça. Lenta. Pesada.
— Então que queimem.
Ele me mediu com os olhos, depois sacudiu a cabeça, conformado.
— Por mulher, Muralha?
Me virei devagar.
Olhei dentro do olho dele. Sem sorriso. Sem charme. Sem desculpa.
— Não é por mulher. É por nome. É por memória. É por guerra.
Bati a palma na parede. Chamei o menor.
— Pega a Glock. Dois pentes reserva. Colete leve.
— Vai sozin