[Narrado por Alana]
A rua tava quieta demais.
Silêncio que não é paz — é prenúncio.
O tipo de silêncio que beco conhece bem: aquele que vem antes da primeira rajada.
Setor 3.
Missão de “rotina”, segundo a coronel. Mas até o rádio chiava com vergonha da mentira.
Eu sabia.
Sabia que tinha algo errado desde a prancheta até o cheiro do ar.
Equipe reduzida.
Viatura 07.
Eu e Julião.
Mas o problema nunca foi quem tava do meu lado.
Era quem queria que eu ficasse sem volta.
A gente virou a última curva antes da viela da torre de luz. E ali, no fundo do peito, aquele aperto voltou.
> "É hoje, Alana. Hoje vão tentar te apagar."
Fingi normalidade.
Julião me olhou de lado. Como quem sabe, mas não pode dizer.
Estacionei. Saí primeiro.
Coturno firme no chão. A mão no coldre. O olho varrendo tudo.
— "Área limpa?" — murmurei.
Ele só assentiu. Mas o cenho dele… tava contraído.
Avancei dois passos. O ar tava denso.
Foi então que ouvi.
Um estalo seco. Uma porta abrindo devagar demais. Armas respirando no