capítulo 14

[Narrado por Alana]

A rua tava quieta demais.

Silêncio que não é paz — é prenúncio.

O tipo de silêncio que beco conhece bem: aquele que vem antes da primeira rajada.

Setor 3.

Missão de “rotina”, segundo a coronel. Mas até o rádio chiava com vergonha da mentira.

Eu sabia.

Sabia que tinha algo errado desde a prancheta até o cheiro do ar.

Equipe reduzida.

Viatura 07.

Eu e Julião.

Mas o problema nunca foi quem tava do meu lado.

Era quem queria que eu ficasse sem volta.

A gente virou a última curva antes da viela da torre de luz. E ali, no fundo do peito, aquele aperto voltou.

> "É hoje, Alana. Hoje vão tentar te apagar."

Fingi normalidade.

Julião me olhou de lado. Como quem sabe, mas não pode dizer.

Estacionei. Saí primeiro.

Coturno firme no chão. A mão no coldre. O olho varrendo tudo.

— "Área limpa?" — murmurei.

Ele só assentiu. Mas o cenho dele… tava contraído.

Avancei dois passos. O ar tava denso.

Foi então que ouvi.

Um estalo seco. Uma porta abrindo devagar demais. Armas respirando no
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