capítulo 61

📕 Capítulo — Fumaça e Pele Molhada

Narrado por Muralha

Horas se passaram desde o galpão.

O sangue do Galo já devia ter secado no asfalto da frente da delegacia.

Diguinho deixou o bilhete pendurado no pescoço do defunto, igual encomenda maldita. E o recado foi dado — do jeito que tinha que ser.

Agora, era eu, a sala vazia, e um cigarro queimando lento no canto da boca.

A janela entreaberta deixava o vento trazer um pedaço da rua — cheiro de asfalto, cachorro latindo, e um samba chorando longe, lá da laje da Dona Dirce.

Sentei afundado no sofá, tronco largado, só de bermuda, a mão firme segurando a fumaça que me impedia de pensar demais.

Porque pensar... dói.

E tudo ainda doía.

O peito, a mão, a culpa.

Até que eu ouvi o barulho.

Porta do banheiro abrindo devagar, vapor saindo junto com ela.

Ela.

Alana.

Pé no chão frio, cabelo pingando, só com a minha camisa no corpo.

E puta que pariu…

Como é que uma guerra anda descalça e ainda assim parece vencer tudo?

A camisa tava
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