capítulo 51

[NARRADO POR ALANA]

A casa tava muda.

Mas o corpo dele… não.

Sangrava em silêncio. Latejava. Como se cada cicatriz falasse alto demais.

O Caio tava deitado no sofá, só de calça, peito marcado de roxo, corte aberto na costela, o ombro ralado e a testa com sangue seco.

Eu ajoelhada no chão, com o kit de primeiros socorros no colo, tentando estancar mais do que ferida.

— “Tu levou a pior,” — murmurei, limpando devagar o machucado perto da barriga. — “Devia tá no hospital.”

— “Tô em casa. E tua mão é melhor que enfermeira.”

— “Tu tá todo fodido, Caio.”

— “E mesmo assim continuo gostoso.” — ele soltou, com aquele sorriso torto, de quem flerta até sangrando.

Revirei os olhos.

— “Tu quase morreu, idiota.”

— “Quase não é morrer. E morrer não é opção.”

— “Tu fala isso como se não tivesse se jogado no inferno rindo.”

— “Eu ri mesmo. Sabe por quê?”

— “Por quê?”

— “Porque tava contigo no banco do lado.”

Sacudi a cabeça, tentando esconder o sorriso que veio. Mas ele viu.

Sempre
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