[NARRADO POR ALANA]
A casa tava muda.
Mas o corpo dele… não.
Sangrava em silêncio. Latejava. Como se cada cicatriz falasse alto demais.
O Caio tava deitado no sofá, só de calça, peito marcado de roxo, corte aberto na costela, o ombro ralado e a testa com sangue seco.
Eu ajoelhada no chão, com o kit de primeiros socorros no colo, tentando estancar mais do que ferida.
— “Tu levou a pior,” — murmurei, limpando devagar o machucado perto da barriga. — “Devia tá no hospital.”
— “Tô em casa. E tua mão é melhor que enfermeira.”
— “Tu tá todo fodido, Caio.”
— “E mesmo assim continuo gostoso.” — ele soltou, com aquele sorriso torto, de quem flerta até sangrando.
Revirei os olhos.
— “Tu quase morreu, idiota.”
— “Quase não é morrer. E morrer não é opção.”
— “Tu fala isso como se não tivesse se jogado no inferno rindo.”
— “Eu ri mesmo. Sabe por quê?”
— “Por quê?”
— “Porque tava contigo no banco do lado.”
Sacudi a cabeça, tentando esconder o sorriso que veio. Mas ele viu.
Sempre