O terceiro dia da viagem amanheceu carregado. Não de chuva, mas de algo mais pesado: a sensação de que Lívia e Rafael estavam falando cada vez menos… e sentindo cada vez mais.
Lívia acordou com a luz entrando pela fresta da cortina. O quarto estava frio, o ar parado, e o travesseiro ainda úmido do choro da noite anterior. Ela respirou fundo, tentando resgatar a energia que sempre teve para começar o dia, mas o corpo parecia cansado de lutar contra um vazio que não dava trégua.
Pegou o celular.
Nada.
Nenhuma mensagem dele.
Não que ele tivesse a obrigação, mas dói quando o amor vira silêncio.
Ela levantou, prendeu o cabelo, passou uma maquiagem leve e vestiu a camisa social azul que Rafael adorava. Por um instante, imaginou se ele se lembraria disso.
Talvez sim.
Talvez não.
Mas ele não estava ali para ver.
No saguão, Vicente já a esperava com o laptop aberto e uma xícara de café ao lado. Ele sorriu ao vê-la, um sorriso preocupado, mas discreto.
— Bom dia, Lívia.
— Bom dia.
— Dormiu melh