O dia seguinte ao diagnóstico começou como uma fotografia desfocada:
tudo parecia no lugar, mas nada era nítido.
Lívia acordou com a sensação de que o peito estava cheio demais para caber no corpo.
Rafael, provavelmente, acordou com o peito cheio demais para caber no silêncio.
Quando ela chegou à sede, Rafael já estava lá.
Era raro.
Ele sempre chegava alguns minutos depois dela.
Mas dessa vez… não.
Ele estava no escritório com a cortina fechada, luz baixa — algo que ele só fazia quando precisava se trancar no próprio mundo.
Bruna percebeu imediatamente:
— Ele não dormiu, né?
Lívia apenas balançou a cabeça.
Bruna suspirou.
— Homem machucado não dorme.
Eles ruminam.
Lívia tentou sorrir, mas não conseguiu.
Por volta das dez, Rafael saiu da sala.
Cabelo bagunçado, barba por fazer, camisa dobrada no antebraço como se tivesse tirado às pressas.
Ele caminhou pelo corredor sem olhar para ninguém — até ver Lívia do outro lado, revisando um relatório na mesa.
Eles se encararam.
E naquele encont