A manhã começou diferente.
O ar na VittaFran parecia mais pesado, e Rafael sentiu assim que atravessou o saguão.
Os olhares — alguns curiosos, outros discretos — o seguiam até o elevador.
Ele não sabia, mas a foto já tinha começado a circular.
Uma imagem.
Um instante.
Um corte perfeito no tecido da confiança.
Na tela do celular, Lívia ainda olhava a foto de madrugada.
Rafael e Clarice, na varanda iluminada, rindo.
Nada comprometedor, mas íntimo o bastante pra parecer.
Ela não sabia quem tinha enviado, mas sabia o que aquilo significava: alguém queria vê-los ruir.
Não chorou.
Não escreveu nada.
Mas o corpo dela reagia — o coração acelerado, a respiração presa, aquele nó invisível entre a garganta e o peito.
Era a velha sensação do passado: o medo de acreditar de novo.
Mas ela já não era a mulher de antes.
Quando Rafael entrou na sala, ela estava lá.
De pé, com os braços cruzados, o olhar firme.
— Precisamos conversar. — disse, com voz calma demais.
Ele sentiu a energia — fria, contida,