Naquela semana, o ar no escritório tinha um tipo diferente de eletricidade.
 Os olhares se tornaram mais longos, as pausas mais carregadas.
 Tudo parecia igual na superfície — mas, por baixo, cada gesto escondia uma intenção.
Camila era quem mais se divertia com isso.
 Nada a fazia sentir mais viva do que observar pessoas acreditando que estavam seguras.
 Depois de anos convivendo com líderes e discursos, ela aprendera uma verdade simples: ninguém é tão transparente quanto pensa.
Naquela manhã, deixou propositalmente uma pasta sobre a mesa de reuniões — a capa marcada com o selo Compliance Interno.
 Não havia nada ali além de papéis aleatórios, mas o rótulo era suficiente pra acender a curiosidade certa.
 O jogo começava com símbolos, não com palavras.
Rafael entrou logo depois, cumprimentando-a rápido.
 — Precisamos alinhar o cronograma das unidades em expansão.
— Claro — disse ela, com o sorriso discreto de sempre. — Ah, e o Conselho pediu que eu revisasse alguns relatórios antigos.