A rotina na sede voltou ao ritmo habitual, mas nada parecia normal.
Para Lívia e Rafael, o tempo havia se dividido em antes e depois de Recife.
Agora, cada reunião, cada troca de e-mail, cada toque de voz ao telefone era um lembrete sutil do segredo que compartilhavam.
Nos corredores, eles se tornaram mestres na arte do disfarce.
Um “bom dia” formal com um leve brilho nos olhos.
Um comentário neutro que escondia entrelinhas.
O perfume dele passando rápido demais.
O olhar dela desviando um segundo tarde demais.
Mas o problema de um segredo é que ele vibra.
E quem é sensível o bastante sente.
Camila Prado era desse tipo.
Ambiciosa, observadora, com um talento natural para ler gestos.
E desde o dia em que voltou de Recife, Rafael parecia... diferente.
Mais leve, mais vivo, mais — ela odiava admitir — apaixonado.
Na manhã de quarta-feira, ela passou pela sala de reuniões e viu algo que a fez parar.
Rafael e Lívia estavam lado a lado, revisando slides.
Nada fora do comum.
Mas havia algo no