Era outono outra vez.
As folhas caíam no jardim lateral da editora como se o tempo tivesse feito um círculo completo.
Aurora caminhava entre as mesas da nova sede — mais ampla, mais organizada, mas ainda com cheiro de papel novo e ideias em fermentação.
A Constela agora tinha duas salas de leitura, uma pequena gráfica própria e uma estante chamada “Rascunhos que ainda respiram”, com textos em processo, sem pressa de se tornarem livro.
As paredes estavam forradas de recortes, bilhetes, cartas, pequenas lembranças deixadas por autores e leitores ao longo dos anos.
Cada canto da editora parecia ter uma memória sussurrando.
Mas naquela manhã, Aurora carregava uma dúvida antiga.
— Você acha que a Constela chegou onde deveria? — perguntou ela a Davi, enquanto preparavam chá.
Ele riu baixo.
— A Constela não chegou. Ela acontece. Todo dia.
— Mas e se esse ciclo... tiver acabado?
— Ou começando — respondeu ele, mexendo o açúcar como se fosse poesia.
Aurora olhou para o mural de livros publicad