As portas da emergência se abrem com um leve chiado assim que eu e Carlos passamos por elas. O cheiro de álcool e antisséptico é forte, uma presença constante que me aperta o estômago. Ele fala na entrada que veio para uma consulta com o doutor Filipe, e a recepcionista, com um olhar de compaixão, nos leva até o consultório dele. Lá, o médico nos cumprimenta com um sorriso profissional e pede para que eu espere do lado de fora para examinar Carlos, que parece nervoso e assustado, o rosto pálido e os ombros tensos.
Antes de sair, num impulso, aperto a mão dele com força em sinal de conforto, um gesto que transcende nosso passado complexo. Ele me olha nos olhos por um breve segundo, e vejo um lampejo de gratidão ali. Saio e me sento em uma das cadeiras do corredor, um assento duro e frio. O tempo parece se arrastar. Vejo pessoas passando, rostos preocupados, enfermeiras apressadas. Parece que se passaram anos até que o médico abre a porta novamente. Meu coração acelera. Entro, e dou um