PONTO DE VISTA DE RAFAEL
Dois dias depois, acordei antes do sol. A casa quieta, Emma dormindo ainda. Uma tristeza estranha na manhã, não de fora, era de dentro. Parecia que eu sabia que o dia seria diferente. Fui arrumar a estante da sala, onde guardo umas coisas antigas ali. Papéis, fotos, cartas esquecidas em caixas que sobreviveram às mudanças da vida e da casa. E foi ali, no meio de uns documentos e um caderno velho, que achei. A carta. Dobrada com cuidado. O papel ainda estava intacto.
Reconheci a letra na hora. Jeniffer. Por um segundo, tudo parou.
Inclusive o tempo.
Eu fiquei parado. Sentei no sofá com a carta na mão, o coração batendo forte, como se fosse a primeira vez que eu lia algo dela desde... desde o último "te amo" que ouvi. Abri devagar. A mão tremia. O peito apertava.
"Rafa, Se você achar essa carta algum dia, é porque a vida nos separou, essa vida que leva a gente quando mais estamos felizes. E eu não quero que você fique preso ao que a gente viveu. Não se sinta