Fernando tentava processar todos os eventos que havia acontecido, a sua descrença ainda pairava como uma nuvem densa em sua mente. Não podia ser verdade, sua razão se voltada contra a cruel realidade que se apresentava diante dos seus olhos. Em um esforço desesperado por clareza, sua mente repassou a lista de pessoas que cruzavam dentro de seu lar: ele próprio, sua irmã Gabriela, e a fiel dona Sônia, a encarregada da faxina, uma presença constante e discreta dentro da sua casa.
Enquanto era escoltado pelos corredores frios e silenciosos da delegacia, um único anseio consumia Fernando: a oportunidade de fitar os olhos de Cristina e desfazer a sombra de dúvida que certamente essa acusação contra ele. Fernando precisava, desesperadamente, clamar sua inocência, jurar que seus dedos jamais haviam digitado aquela
Fernando mal conseguiu pregar o olho naquela cela fria da delegacia, e quando finalmente o sono começava a chegar, mais um pesadelo o assaltou. Só que dessa vez, uma mão aveludada tapava sua boca, abafando qualquer grito.Pela manhã, um guarda o despertou, avisando que seu advogado estava ali. Parecia que um único dia se arrastava como vinte longos e dolorosos dias, pois ser acusado de algo que não cometeu só piorava tudo.Ao ser levado à sala do delegado, viu seu advogado, Marco, com um papel nas mãos:— Fernando, desculpe a demora. Ontem à noite corri para preparar o pedido de habeas corpus.— Você não sabe o alívio que sinto ao ouvir isso.O delegado o fitava com um olhar que denunciava seu desacordo com a soltura, e fez u
Os dois carros estacionaram quase juntos em frente à delegacia, como se um ímã os tivesse atraído para o mesmo ponto. Fernando e Cristina desceram, cada um carregando a apreensão do momento. Na recepção, o delegado os aguardava, e um leve franzir de testa denunciou sua surpresa ao ver Cristina ao lado de Fernando. Sem demora, guiou-os até a janela de sua sala, onde a cena aguardada se desenrolava.O coração de Fernando palpitava descompassado, o temor de ver o rosto de Gabriela o assombrava. Mas, ao fixar os olhos na figura sentada na mesma cadeira que o havia aprisionado no dia anterior, reconheceu Sônia, a cabeça baixa, em sinal de derrota. Cristina, ao lado dele, sentiu a onda de choque que o percorreu, compreendendo a dor de ver a lealdade de anos desmoronar. Uma ponta de incredulidade a atingiu também, afinal, S&
Fernando cambaleou sob o impacto do soco, a humilhação queimando em seu rosto enquanto se levantava atordoado. Cristina, o coração em frangalhos, entrou entre os dois homens, erguendo as mãos em súplica para deter a fúria do pai.— Por favor, Fernando, se acalme! Pai, o senhor também! — Sua voz trêmula mal continha o desespero.— Minha filha, que cena acabamos de presenciar? — A voz da mãe de Cristina vibrava indignada. Mesmo sem conhecer o nome daquele homem que beijava sua filha, uma sombra de suspeita pairava sobre ele, ligando-o, talvez, ao irmão daquela mulher que tanto sofrimento causara a Cristina.— Mãe, eu posso explicar… Ele não é o culpado pelas postagens.
Cristina, ao chegar em casa, lutou contra a insônia, um conflito interno a consumindo. A promessa feita a Gabriela a impedia de se abrir completamente com Fernando, um peso que se somava à crescente oposição de seus pais ao relacionamento. A necessidade de ocultar a verdade de Fernando lhe causava uma dor enorme, pois detestava a desonestidade.Na manhã seguinte, a ideia de encontrar Fernando na Renova a apavorou, a imagem de seu pai na loja e agredindo-o novamente a assombrava. Decidiu então, marcar um encontro em um restaurante discreto.Ao adentrar o local, avistou Fernando ao longe, sua beleza a atingiu como uma onda. Uma sensação nostálgica a invadiu, remetendo aos tempos de adolescente, aos encontros furtivos e cheios de expectativa. Para despistar seus pais, fez uma pequena farsa, contra
Gabriela abriu sua rede social, quando seus olhos arregalados fixaram-se no nome que saltava da pequena nota social no rodapé da página de notícias: “Rafael Alcântara está de volta à cidade após anos vivendo na Europa.” Pulou da cama e pensou em um novo plano para separar Fernando e Cristina. Tinha encontrado alguém perfeito para ajudá-la.— Então você voltou, Rafael! Sinto que o jogo agora vai ficar interessante! E claro, ao meu favor. — Disse, um sorriso torto vitorioso em seus lábios. O passado, aquele que ela mantinha enterrado dentro de si, havia acabado de bater à porta. Rafael não era apenas um velho conhecido, era seu parceiro para várias outras coisas.Era seu reflexo mais cruel, sua parceria mais sombria. Jun
Uma semana depois, com tudo combinado com Rafael, Gabriela deu início ao seu plano de separar Cristina e Fernando. Ela discou o número de Cristina, a voz melosa transbordando falsa animação.— Cristina, que bom que atendeu. Iria contar para o meu irmão toda a verdade, mas estava pensando... que tal marcarmos um dia para eu conhecer seus filhos? Porque eu sei que o meu irmão ficará com você!Gabriela disse isso controlando o tom de sua voz, não podia demonstrar que a verdade era outra. Era tudo parte do seu plano para envolver Cristina profundamente em seu jogo.Cristina ficou pensativa antes de decidir sua resposta. Era bom que Gabriela contasse logo o que aconteceu no passado, pois odiava mentir para Fernando, que a cada dia mais a tratava como ela sempre desejou. Não se sentia bem em esconder nada dele.
O relacionamento de Cristina com Fernando ainda estava sendo escondido dos seus pais. Ela não queria isso, porém eles foram categóricos em não aceitar os dois juntos. Dentro de tudo que Gabriela sabia, queria usar isso para separar o casal.Avisando Rafael, descobriram onde o pai de Cristina tinha sua oficina mecânica e pediu para que ele simulasse que o seu carro quebrou e se aproximasse de Omar. Ela conhecia os jogos de seu cúmplice, ele sabia as peças certas para conseguir tudo que se propunha a fazer. E agora era: Separar Cristina e Fernando!Rafael realmente tinha ficado ainda mais interessado em Cristina. As mulheres que foram as suas vítimas estavam numa faixa etária bem mais velha que a dela. Ela era jovem e muito atraente aos olhos dele, completo sedutor. Seria maravilhoso desfrutar de momen
— Mamãe, onde nós iremos?— Na casa do vovô e vovó — Respondeu Cristina ao seu filho Ângelo enquanto ajeitava a sua camisa. Ela estava também curiosa para saber quem seria a pessoa que o seu pai gostaria de apresentá-la.— Então vamos, meninos? A vovó Maria disse que fará frango assado, sinal de que a visita é alguém que o avô de vocês gosta muito.Os três, em pouco tempo, chegaram em frente à casa dos pais de Cristina. Ela olhou-se no espelho retrovisor e, antes de sair do carro, sentiu o seu celular vibrar em sua bolsa. Ao pegá-lo, viu uma mensagem de texto de Fernando:“Já estou com muita saudade de você, boa noit