Jonas sentou-se no chão do apartamento, o caderno de anotações ainda aberto ao lado.
Enquanto passava os dedos sobre o colar encontrado, uma lembrança antiga emergiu, quase como um sussurro vindo do fundo do tempo.
“Você vai ver, Jonas… ele vai parar de nos perseguir.”
A voz era infantil, com um tom determinado.
Ele se viu de volta à escola, aos seus dez, talvez onze anos.
Estava com Letícia, uma amiga de infância que sempre tivera uma imaginação fértil — ou talvez apenas visse mais do que os outros.
Naquele dia, ela apareceu com um pedaço de papel dobrado em quatro. Havia escrito o nome do professor — Daniel R. Benevides — com uma caneta azul.
Jonas achava que era só uma brincadeira, mas ela falava com seriedade incomum:
“Tem gente que diz que quando alguém te faz mal, você pode prender o nome dele no frio. Isso segura a energia ruim… ou trava alguma coisa dentro dele.”
Letícia foi até o congelador da cantina velha da escola — Jonas se lembrava do azulejo trincado, da porta rangendo