Jonas olhou para a mesa, os objetos alinhados diante dele. O ritual original exigia o nome completo, o papel certo, a tinta azul — tudo pronto.
Mas faltava a coisa mais importante: a intenção.
A lembrança da vizinha no chão do corredor, com os olhos opacos e a boca sussurrando como se estivesse presa dentro de si mesma, voltou com força. Talvez não houvesse tempo para esperar por respostas. Talvez ele tivesse que arriscar.
“E se eu fizer o ritual ao contrário? E se, em vez de selar um nome, eu puder libertar alguém dele?”
Era um pensamento perigoso. Mas a lógica fazia sentido.
O professor certa vez mencionou, em tom quase casual:
"Toda invocação pode ser invertida. Mas cuidado: o que está preso nem sempre quer sair."
Jonas foi até o canto da sala e pegou um envelope antigo com o nome da moradora.
Tereza Machado Lins. Nome completo. Perfeito.
Sentou-se de novo, desenhou um pequeno círculo no centro da folha e, com a caneta azul, escreveu o nome com cuidado. Letra por l