Jonas ficou parado diante da geladeira aberta, o papel em mãos, o nome do professor ali — intacto, sem cruz.
Então a memória veio como uma onda, nítida, pesada.
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Era uma tarde cinzenta, o tipo de dia em que o ar parecia carregado antes mesmo da chuva cair.
A sala de aula do colégio público onde estudava estava abafada, as janelas abertas deixavam entrar um vento úmido, mas ninguém prestava muita atenção. Exceto o professor Daniel.
Ele andava devagar entre as carteiras, falando com uma calma que sempre parecia deslocada.
— Há rituais antigos que não foram criados para adoração, mas para exclusão — ele disse, apontando para um quadro cheio de rabiscos e símbolos estranhos. — Eles não invocam. Eles afastam. Marcam as pessoas. Congelam aquilo que não pode ser tocado.
Jonas, sentado no fundo, olhava para o quadro sem entender direito.
O professor parou perto dele e perguntou, como se aquilo fosse uma pergunta de prova:
— E se um nome for o que te liga a alguma coisa? O que acontece quand