Jonas se sentou no chão, com a caixa aberta ao lado, o caderno em mãos.
O zunido em seus ouvidos parecia crescer de novo, mas desta vez era mais fraco, como se viesse de dentro da própria memória.
Fechou os olhos.
E as lembranças começaram a emergir.
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Ele estava no segundo ano do ensino médio.
Era uma tarde abafada, daquelas em que o ar parecia mais pesado do que deveria. A aula de História tinha terminado, mas Jonas tinha ficado para trás, arrumando seus materiais.
O professor Daniel se aproximou, aquela figura alta, de rosto magro e olhos fundos.
— Você acredita que lugares podem... lembrar? — ele perguntou, de repente, olhando para Jonas como se esperasse algo além de uma resposta simples.
Jonas, na época, apenas deu de ombros.
— Tipo... ter memória? — arriscou.
O professor sorriu, mas foi um sorriso estranho.
Cansado.
— Memória é uma palavra fraca pra isso. — Ele ajeitou a caixa sobre a mesa, aquela mesma caixa. — Alguns lugares, algumas pessoas, são gravadas em camadas mais pro