Elena sempre foi uma garota sociável, cercada de colegas e conhecidos, mas nunca teve amigos de verdade. Aos 21 anos, uma carta misteriosa aparece de repente em suas mãos, questionando tudo o que sua mãe sempre lhe dissera sobre seu pai falecido. Agora, aos 24, em um novo estado, estudando em uma universidade renomada, ela começa a perceber que sua vida está cercada de segredos mais profundos do que imaginava. Três irmãos italianos, que se mudam para o mesmo prédio, surgem misteriosamente em sua vida, trazendo desconfiança, tensão e uma verdade que ela jamais esperaria.
Leer másO som abafado dos saltos de Elena ecoava pelo corredor vazio, ressoando contra as paredes frias e mal iluminadas de seu prédio. Era tarde, e como de costume, o ambiente sombrio sempre a deixava com uma sensação desconfortável, como se estivesse sendo observada. Não era paranoia — ela sabia que havia algo de errado, também não era o cansaço depois de ter uma prova pela manhã e uma apresentação pela tarde, mas não conseguia identificar o quê. Os corredores do edifício pareciam compridos demais à noite, as sombras dançavam de maneira estranha, e o barulho do vento que passava pelas janelas abertas gerava um sussurro constante, quase como uma voz longínqua. Era inquietante.
Ela apertou o casaco ao redor de seu corpo enquanto avançava, sentindo um calafrio subir pela espinha. "Sempre alerta", pensou consigo mesma. Essa frase havia se tornado seu mantra desde que se mudara para aquele apartamento. A vida parecia ter tomado um rumo estranho desde então. Não era apenas o prédio escuro e decadente, nem a sensação de solidão. Era algo mais profundo, uma sensação de que sua própria história estava se revelando de forma lenta e dolorosa. Ao entrar no apartamento, o som da porta fechando ecoou mais alto do que o habitual, e Elena rapidamente trancou todas as trancas. O silêncio a envolveu como um manto pesado. Deixando a bolsa na mesa, ela se jogou no sofá, exausta. O dia tinha sido longo, mas os pensamentos de Elena estavam muito distantes para que ela pudesse realmente descansar. Fechou os olhos, mas as memórias começaram a emergir. Três anos haviam se passado desde que recebeu aquela carta. A carta que mudara tudo. Ela ainda se lembrava claramente do momento em que encontrou o envelope misterioso, enfiado no meio das páginas de um caderno que usava na faculdade. Na época, aos 21 anos, ela não deu muita importância — a vida estava cheia de pequenos mistérios, mas aquilo parecia inofensivo. "Talvez um erro", pensou inicialmente. Mas, quando abriu o envelope, uma única frase a marcou de maneira indelével: "Mesmo que diga que estou morto, bambina, sempre estive vivo." A caligrafia era firme, quase familiar, e aquelas palavras imediatamente fizeram sua mente correr para o passado. Ela foi criada por sua mãe, uma mulher forte e solitária, que sempre lhe dissera que seu pai havia morrido antes de ela nascer. Elena aceitara essa história por anos, sem questionar. Mas agora, com aquelas poucas palavras, toda a estrutura de sua vida parecia vacilar. — "Sempre estive vivo?" — sussurrou para si mesma naquela noite, segurando a carta com as mãos trêmulas. Ela não sabia o que pensar. O envelope não tinha remetente, e não havia nenhum indício claro de quem poderia ter enviado aquilo. No entanto, o tom da mensagem era pessoal demais para ser um engano. Quem mais chamaria Elena de bambina? Era um apelido carinhoso, que ela apenas ouvira nos sussurros da infância, em raras memórias que pareciam borradas pelo tempo. Durante anos, a carta ficou guardada em uma gaveta, ignorada, mas nunca esquecida. Ela continuou sua vida — mudou de cidade, ingressou em outro curso universitário, fez novos amigos, mas aquela sombra do passado nunca a deixou completamente. O que a carta realmente significava? Era mesmo uma mensagem de seu pai? Se ele estava vivo, por que nunca a procurara antes? O silêncio sobre sua vida parecia ainda mais profundo e misterioso após aquelas palavras. E agora, com 24 anos, morando sozinha em uma cidade distante, ela sentia que estava cada vez mais próxima de respostas que não sabia se queria ouvir. Elena suspirou pesadamente no sofá, relembrando as mudanças dos últimos meses. O prédio onde vivia parecia estranho, quase como se escondesse segredos em cada canto. Os vizinhos raramente se falavam, e os poucos que ela conhecia pareciam sempre distantes. Havia os três irmãos italianos no andar abaixo — Mateo, Felipo e Theo. Eles se mantinham discretos, mas Elena não pôde deixar de notar como seus olhares a seguiam pelos corredores. Ela não sabia o que pensar sobre eles. Algo em sua presença a deixava inquieta. — Preciso relaxar — murmurou, passando a mão pelos cabelos soltos. A pressão de suas responsabilidades, misturada ao peso daquela carta ainda não resolvida, parecia sufocá-la. Subitamente, o som de passos no corredor do lado de fora interrompeu seus pensamentos. Eram passos firmes, ecoando pelo piso. Alguém estava caminhando lentamente, quase de forma deliberada. O som parou bem na porta de seu apartamento. Elena sentou-se ereta, sua respiração acelerando involuntariamente. "Quem está aí?" pensou. O prédio raramente tinha movimentação naquela hora. Quem estaria parado ali? Por um momento, tudo ficou em silêncio. Ouvia apenas o som de seu coração batendo forte no peito. Ela se levantou e foi até a porta, colando o ouvido à madeira para ouvir melhor. O silêncio persistia. Talvez estivesse apenas imaginando coisas. Porém, antes que pudesse se afastar, algo deslizou por baixo da porta. Um novo envelope. Ela congelou, encarando o papel amarelado à sua frente. A visão do envelope fez seu estômago revirar. Tremendo, ela se agachou e pegou o objeto, sentindo o peso das memórias que a invadiam mais uma vez. Era idêntico ao primeiro envelope que havia recebido anos atrás. Ela sabia que deveria abrir. Mas o que poderia estar escrito dessa vez? Seria mais uma mensagem enigmática? Ou talvez, finalmente, alguma resposta? Respirando fundo, ela rasgou a borda do envelope e puxou o pedaço de papel lá dentro. As palavras, novamente escritas na mesma caligrafia firme, fizeram seu coração parar por um instante: "As sombras estão mais próximas do que você pensa. Cuidado em quem confia." Ela sentiu um arrepio correr por todo o seu corpo. Olhou ao redor, sentindo-se ainda mais isolada naquele apartamento sombrio. O que tudo aquilo significava? Quem estava enviando essas cartas? E por que agora, depois de tantos anos, o mistério parecia estar se intensificando? Antes que pudesse processar, o som de passos novamente ecoou pelo corredor, mas dessa vez, se afastando. Elena sabia que algo grande estava prestes a acontecer. As sombras de seu passado finalmente estavam começando a se revelar, e ela não tinha ideia de quem era amigo ou inimigo. Mas uma coisa era certa: ela precisava de respostas. E estava disposta a ir até o fim para encontrá-las, mesmo que isso a levasse direto ao coração de um mistério que poderia mudar sua vida para sempre.A caverna estava agora iluminada por uma pequena lanterna, suas sombras dançando nas paredes rochosas enquanto o grupo se preparava para a próxima etapa. Isabella, com um olhar determinado, estava disposta a enfrentar a tarefa desafiadora de decifrar o documento. Elena, Theo, Mateo, Felipo e o pai de Elena se reuniram ao redor da mesa improvisada, onde o documento estava cuidadosamente desenrolado.O ambiente estava carregado com a expectativa do que estava por vir. Isabella começou a examinar o documento com uma lupa, seus olhos correndo sobre o texto antigo e as anotações codificadas.— Temos que ser meticulosos — Isabella disse, sua voz carregada de concentração. — Cada detalhe pode ser crucial para resolver o enigma.Theo estava ao lado de Elena, ajudando a organizar algumas anotações e livros que poderiam ser úteis. Havia uma tensão palpável entre eles, uma proximidade silenciosa que parecia crescer a cada momento. Elena notava a atenção de Theo, seu olhar fixo nela como se ele p
O amanhecer trouxe uma nova sensação de urgência. A pequena cabana em que Elena e o grupo se encontravam estava agora repleta de preparação e planejamento. Isabella havia sido rápida em organizar o que restava da equipe, e a necessidade de manter o documento seguro era mais crítica do que nunca.— O que faremos agora? — perguntou Felipo, enquanto examinava o mapa que Isabella havia desenrolado sobre a mesa. — Como podemos garantir que o documento permaneça seguro?Isabella estava ocupada revisando algumas anotações, sua expressão concentrada. Ela finalmente levantou os olhos para encarar Felipo.— Precisamos encontrar um local seguro para esconder o documento, um lugar onde Don Vitale não possa alcançar. — Ela fez uma pausa, olhando para Elena. — E, ao mesmo tempo, precisamos decifrar as instruções. Elena, você está pronta para isso?Elena assentiu, sua mente ainda girando com as revelações recentes. A ideia de ter um papel tão crucial em um segredo de família tão antigo era avassalad
A tensão na cabana era palpável. O homem que havia entrado parecia determinado a cumprir uma missão, e o grupo imediatamente entrou em modo de defesa. Isabella fez um gesto para que todos ficassem calmos, enquanto Mateo e Theo posicionavam-se estrategicamente ao redor da sala. — Não precisamos de mais violência — Isabella disse, sua voz firme e autoritária. — O que você quer? O homem de Don Vitale olhou para ela com um olhar desafiador, sua expressão carregada de desdém. — Don Vitale não está brincando — ele respondeu. — Ele quer o que é dele por direito. E se você está no caminho dele, vai ter que enfrentar as consequências. Felipo se aproximou de Isabella, seu olhar atento. — O que devemos fazer? — ele perguntou, sua voz baixa. — Eles sabem onde estamos, e mais homens podem estar a caminho. Isabella fez um gesto para que todos se aproximassem da mesa. — Temos que pensar rápido — ela disse. — Precisamos sair daqui antes que a situação fique ainda mais perigosa. E precisamos
A jornada até o refúgio de Isabella foi marcada pelo silêncio tenso. O grupo se moveu através da floresta, tentando se manter discreto e evitar qualquer patrulha de Don Vitale ou seus homens. Elena sentia o peso das últimas horas se acumulando em seus ombros, suas perguntas sem resposta girando em sua mente. A presença de Isabella havia oferecido um alívio temporário, mas também trouxe uma enxurrada de novas perguntas.Finalmente, após uma caminhada que parecia interminável, chegaram a uma cabana isolada no meio da floresta. Era uma construção simples, mas parecia sólida e segura. Isabella fez um gesto para que entrassem, e o grupo se acomodou na pequena sala, que estava razoavelmente bem equipada com o essencial. Havia uma mesa de madeira, algumas cadeiras e uma lareira que parecia estar funcionando.Mateo, Felipo e Theo começaram a ajudar a preparar a área, enquanto o pai de Elena procurava por algo para preparar um pouco de comida e água. Isabella se aproximou de Elena, seu olhar a
A mulher parada na clareira irradiava um ar de poder e mistério. Com os cabelos claros caindo em ondas controladas e um olhar penetrante como o mar, ela parecia ser uma força da natureza. A arma que segurava não era apenas uma ferramenta, mas uma extensão de sua própria presença dominante. Don Vitale a observava com uma mistura de raiva e surpresa, claramente desconcertado por sua chegada inesperada.— Quem é você? — Vitale exigiu, sua voz carregada de tensão. — E o que está fazendo aqui?A mulher não se apressou em responder. Ela simplesmente deu um passo à frente, seus olhos nunca se afastando de Elena. A expressão de Elena era um misto de curiosidade e confusão. Quem era aquela pessoa e por que ela parecia estar tão interessada nela?— Meu nome é Isabella — a mulher disse finalmente, sua voz ressoando com uma autoridade calma. — E estou aqui para resolver algumas questões pendentes.A resposta não ofereceu muita clareza, mas pelo menos agora Elena sabia o nome dela. Isabella. Mas
A noite estava gelada, e o silêncio opressor da floresta fazia o som dos passos de Don Vitale e seus homens parecer ainda mais alto. Elena sentiu o frio se espalhar por seu corpo, não apenas pela temperatura, mas pela sensação crescente de que estavam sem saída. Don Vitale os tinha encurralado, e agora parecia que todas as tentativas de fuga foram em vão.Mateo, Felipo e Theo formaram uma linha à frente de Elena, prontos para protegê-la a qualquer custo. Suas respirações eram pesadas, e suas mãos estavam firmemente segurando as armas. O pai de Elena se posicionou ao lado dos três irmãos, determinado a corrigir os erros do passado e proteger sua filha.Don Vitale se aproximou lentamente, seus olhos sombrios fixos em Elena, com um sorriso satisfeito nos lábios.— Vocês correram bem — ele disse, sua voz ecoando pela clareira como o de um predador que saboreava o momento antes do ataque. — Mas todo jogo tem um fim.Elena sabia que não havia nada de casual nas palavras de Vitale. Ele estav
Último capítulo