Narrado por Lorde
A dor dela virou um grito que ninguém teve coragem de calar.”
A porta do meu quarto se fecha com um estalo seco. O silêncio que se instala na sala parece gritar mais alto do que os berros da Maitê. Fumaça está parado no mesmo lugar, como se tivesse virado pedra. Bruna, com os olhos marejados, ainda está ajoelhada no chão, tentando absorver o que acabou de acontecer.
Eu passo a mão pelo rosto, tentando organizar os pensamentos. O celular ainda está na minha mão, desligado. A chamada com o Cobra foi interrompida por ela sem hesitação. A coragem que eu vi nos olhos da Maitê não é força. É dor. É cansaço.
— Eu devia ter falado com ele antes… — murmuro para mim mesmo.
— Acha que teria feito diferença? — Fumaça rebate, a voz amarga. — Ele nunca esteve por perto. E quando apareceu, foi com atraso de mais de uma década.
Olho para ele. Não com raiva. Com compreensão. Fumaça viu tudo. Cuidou dela desde pequena. Ele carrega cicatrizes também. Todos nós carregamos. Mas as dela…