Narrado por Lorde
Acordo sobressaltado, o coração batendo forte no peito, sem saber exatamente o motivo. Me viro e a vejo ali, encolhida no sofá como se o mundo inteiro tivesse desabado sobre ela. Os olhos ainda estão inchados, mesmo fechados, denunciando que chorou até dormir. Aquela imagem me atinge como um soco no estômago.
Me aproximo devagar e pergunto, num sussurro:
— Tá tudo bem, pequena?
Ela não responde de imediato, mas quando começa a falar, o desabafo vem como uma enxurrada. Fico em silêncio, ouvindo. Normalmente, não sou o tipo de cara que escuta os problemas dos outros — sempre mantive distância, sempre fui indiferente. Mas com ela… com a pequena diaba… é diferente. Eu ouviria ela por horas, mesmo que fosse só um monte de palavras desconexas.
Ela divide comigo seus medos, o peso que carrega, e tudo começa a fazer sentido. As palavras do Fumaça ecoam na minha mente: “Essa menina não é só mais uma, Lorde.” E agora eu entendo. Ela é feita de dor contida, de cicatrizes que ni