Narrado por Maitê
Aquela ligação, a que eu e Bruna esperávamos com tanto desejo, não saiu como imaginávamos. Mesmo depois de encontrarmos um lugar onde, aos poucos, conseguimos nos encaixar, não significa que a saudade do Brasil e a ânsia por um lar ainda não estejam presentes. O que é nossa vida agora, se não a tentativa desesperada de esquecer quem éramos antes? A decepção em meu peito se agrava ao ver as lágrimas de Bruna, e a frustração se transforma em culpa.
É tudo culpa minha. Se eu nunca tivesse entrado na vida dela, Bruna ainda teria uma família. O pensamento me corrói por dentro, um veneno invisível que me consome. Sei que a dor que ela carrega também é minha, mas por mais que eu queira, não posso mudar o passado. Tenho tentado me segurar, encontrar formas mais saudáveis de lidar com os monstros internos. E pela primeira vez, não estou fugindo de mim mesma, nem da dor. Estou tentando encarar tudo de frente.
Decido ir para a academia. Já sei que o exercício físico não apaga