A noite de sábado chegava calma em Vila Aurora, como tantas outras. O céu estava pontilhado de estrelas discretas e o cheiro de terra úmida depois da garoa pairava no ar, trazendo um frescor que parecia lavar até pensamentos. A pequena rua onde Mariana morava respirava quietude. Uma quietude que não fazia ideia da reviravolta que se aproximava.
Dentro do apartamento, a vida seguia num ritmo leve e caseiro. Guilherme corria pela sala com o caminhão de bombeiros que Matheus havia trazido na noite anterior, fazendo barulhos dramáticos de sirene enquanto Mariana dobrava roupas no sofá. O som do plástico batendo no piso, o riso dela reprimido, o cheiro de café que ainda pairava da tarde criavam uma cena tão comum quanto preciosa.
— Gui, devagar com esse caminhão, amor — Mariana alertou, tentando parecer séria, mas com o riso escapando pelos cantos.
— Ele tá indo apagar incêndio, mãe! — ele respondeu, cheio de importância, enquanto fazia o brinquedo subir pelo braço do sofá.
Matheus bebi