ETHAN…
A noite estava silenciosa demais.
Dessas que escondem verdades nas sombras.
De onde eu estava, podia ver Isabella cruzar o saguão do hotel, o corpo coberto por um sobretudo escuro que contrastava com a pele clara. O cabelo, preso num coque impecável, denunciava a pressa contida de quem carrega um segredo. Ela não olhou para trás, mas eu a conhecia bem o suficiente para saber que estava alerta, cada passo calculado, cada movimento medido.
Isabella Fontana nunca fez nada por impulso, nem mesmo me amar.
Vi quando ela chamou um táxi, olhou para um lado e para o outro e correu até o carro. Entrou como uma sombra que se esgueira, e desapareceu pela madrugada.
Naquele instante, eu soube: ela estava indo para algum lugar que não queria que eu conhecesse, mas eu conhecia muito bem.
Subi na moto e segui o táxi mantendo distância.
A estrada até Palermo parecia infinita, cortando o silêncio como uma cicatriz antiga.
O vento frio batia no rosto, mas a dor vinha de dentro.