A manhã se erguia com preguiça sobre a orla de Ipanema, tingindo o céu de um azul suave. O sol ainda lutava para surgir entre as nuvens finas, e a brisa salgada varria a areia com suavidade.
Elisa corria todos os dias àquela hora, antes que a cidade acordasse por completo.
Tênis brancos, cabelo preso em um rabo de cavalo alto, fones de ouvido tocando música clássica em volume baixo.
Seus passos eram leves, ritmados.
Aquele era o único momento em que se permitia não pensar.
Não em cirurgias, nem em artigos médicos, nem no passado.
Apenas na respiração.
No movimento.
Na liberdade.
Vestia legging cinza e uma regata preta, simples como seu estilo de vida atual.
E mesmo ali, anônima entre tantos, carregava uma beleza que se destacava como a maré na areia — sem pedir atenção, mas impossível de ignorar.
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Do outro lado da rua, Eduardo seguia dentro do carro preto que o levava à sede da fundação da família. Como todos os dias, apressado, rodeado por documentos e ligações que