Helena estava na frente do hospital, sentindo o coração apertado. A manhã estava fria e cinzenta, e uma leve garoa caía sobre a cidade, misturando-se com o cheiro de asfalto molhado. Ela segurou firme a alça da bolsa, respirou fundo e olhou para o edifício que, de tão grande e impessoal, parecia ainda mais distante de tudo que ela desejava naquele momento: reconciliação, respostas e, talvez, algum tipo de paz.
Ao entrar no hospital, o cheiro característico de antisséptico e limpeza instantaneamente trouxe à tona memórias de longos corredores e salas frias. Cada passo até a UTI parecia mais pesado que o anterior. Helena sentia o peso de anos de mágoas, de cobranças e de ressentimentos que carregava por ter crescido sob uma mãe rígida, exigente e, muitas vezes, cruel.
Quando chegou à frente do leito da mãe, sentiu uma pontada de tristeza intensa. Lá estava ela, tão frágil e silenciosa, ligada a aparelhos que monitoravam cada batimento, cada respiração. Helena se aproximou devagar, senti