Layla
Soraya tropeçou na própria vaidade e correu para a porta, esbarrando em Kaleo, que não tirou o corpo, mas abriu espaço com um gesto mínimo. O salto dela sumiu no corredor como uma ambulância sem sirene.
— Pronto. — Kaleo voltou a mim, os olhos no meu rosto, um segundo de ternura feroz — Fim da falsa amiga. Agora, vamos ao problema real.
Bart sorriu como quem não sente dor. Ou como quem já não sabe distinguir o que dói do que alimenta.
— O problema real sou eu? — ele perguntou, ofendido de mentira — O problema real é ela não lembrar quem a tirou da lama.
— Você me empurrou para a lama. — respondi — E ainda quis que eu agradecesse.
— Eu te dei um mundo. — ele insistiu, tentando a velha retórica.
— Você me deu migalhas e chamou de banquete.
Dei um passo à frente. Eu podia sentir Kaleo um palmo atrás, não encostando, mas sustentando meu eixo como um exoesqueleto. O tipo de presença que faz a gente ficar maior sem precisar gritar.
— Chega. — falei, clara — Eu vim aqui acreditando que