Layla
Eu estava pronta para acreditar de novo. Não em contos de fadas, mas no mínimo necessário para manter a ONG de pé, um homem rico, supostamente interessado em financiar o novo ambulatório veterinário, tinha pedido para me conhecer pessoalmente.
Encontro discreto, sem imprensa, numa sala reservada de um hotel. O e-mail vinha com assinatura elegante, agenda de assessor, tudo muito limpo. Limpo demais.
Kaleo leu o convite com o cenho ligeiramente franzido.
— Filantropo que nunca doou um centavo para nada e, de repente, quer doar muito? — Ele rodou a taça de água, como quem escuta o líquido — Cheiro de rato.
— A ONG precisa. — respondi, apoiando as mãos na mesa — E, honestamente, eu estou cansada de recusar ajuda por medo.
— Eu não recuso ajuda. Eu recuso armadilha. — O olhar azul cortou o ar — Você não vai sozinha.
— Eu não preciso de uma babá. Mas confesso que aceito.
— Eu sei que não precisa. — O canto da boca dele subiu um milímetro — Por isso eu vou junto… atrás.
Não discuti. T